Mestre Salustiano
Biografia (1945-2008)
Manoel Salustiano Soares
12/11/1945 Aliança, PE
31/8/2008 Recife, PE.
Mestre de maracatu. Compositor. Instrumentista.
Ex-cortador de cana, nascido na zona da mata pernambucana. Começou a tocar rabeca com sete anos de idade. Seu pai, João Salustiano, foi quem o ensinou a fazer e a tocar a rabeca. Em sua cidade natal conviveu, desde criança, com os brincantes de maracatu. Recebeu, em 1965, o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Pernambuco. Faleceu no Pronto-socorro Cardiológico de Pernambuco, vítima de arritmia cardíaca, provocada pela doença de chagas. Seu velório foi realizado na Casa da Rabeca, em Olinda, espaço fundado por ele e onde costumava levar muitos representantes da cultura popular. Por toda a vida tocou no bloco Piaba de Ouro, um dos mais tradicionais de Pernambuco.
Referência para a nova safra de músicos pernambucanos, sempre foi um dos mais atuantes na manutenção de manifestações culturais pernambucanas como o coco, a ciranda, o aboio de vaquejada, o forró pé-de-serra, o cavalo-marinho, o caboclinho, o mamulengo e o maracatu. Atuou em Cuba e na Europa. Em 1990, recebeu o título de "reconhecido saber" concedido pelo Conselho Estadual de Cultura de Pernambuco. Em 2001 esteve presente ao Rio de Janeiro, onde se apresentou no Rock in Rio. Ainda no mesmo ano, fez parte da coletânea "Pernambuco em concerto", interpretando "Toada de cavalo-marinho", de domínio público, com adaptação de sua autoria. Também em 2001, foi agraciado pelo presidente da República, com o título de comendador da Ordem do Mérito Cultural. Foi fundador do Maracatu Piaba de Ouro. Em maio e junho de 2003, tocou pela primeira vez na França e nos estados Unidos, acompanhado de quatro percussionistas. No mesmo ano, completou 50 anos de carreira artística comemorados com um show no Sesc Mariana em Sâo Paulo, que contou com a participação especial de Siba, vacalista do grupo Mestre Ambrósio, como parte do ciclo "Manual da rabeca". Além dos instrumentos, também confeccionava os bichos do bumba-meu-boi e máscaras do cavalo-marinho, feitas de couro de bode ou de boi; e os mamulengos de mulungu. Foi considerado um dos precursores do "Mangue-beat" e tido por mestre por artistas como Antônio Nóbrega, Siba e Chico Science. Foi um batalhador insessante pela preservação de manifestações culturais típicas da Zona da Mata, como o coco, a ciranda, o maracatu e o caboclinho. Também ganhou prestígio como um dos maiores dançadores de cavalo-marinho de sua região. Considerado uma das maiores autoridades em cultura popular em seu estado, deixou quatro discos gravados: "Sonho da rabeca", "As três gerações", "Cavalo-marinho", e "Mestre Salu e a sua rabeca encantada". Em sua tragetória artística, além de tocar em quase todos os estados do Brasil, esteve ainda em países como Bolívia, Cuba, França e Estados Unidos. Na ocasião de sua morte, diversas personalidades do mundo cultural e artístico se pronunciaram, sobre a importância de sua arte e atuação na cultura pernambucana, entre eles Siba, rabequista do grupo Mestre Ambrósio: ""Mestre Salu foi muito importante em Pernambuco porque ele foi um dos primeiros a estabelecer uma ponte entre a cultura da Mata Norte e os órgãos do poder público".
Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira
Mais informações:
http://www.dicionariompb.com.br/mestre-salu
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