Ernesto Veiga de Oliveira
A Rabeca dos Açores (1986)
Aludimos já a outros cordofones, pertencentes igualmente à tradição comum europeia - e portuguesa - que se conhecem também nas ilhas e que aparecem ora como solistas, ora mais comummente, como componentes de conjuntos ou tunas locais, construídos pelos violeiros regionais em formas mais ou menos perfeitas, e muitas vezes com as próprias madeiras aí existentes: 1) a rabeca (Fig 19), a que em certos casos, menos frequentes, competem funções especificas, por vezes mais cerimoniais - por exemplo na zona ocidental de S. Miguel, ela faz parte da Folia do Espirito Santo; e, na Terceira, figura obrigatoriamente no cortejo que traz os bezerros ou "gueixos" que vão ser abatidos para os "bodos" dessas celebrações -. Temos notícia de carpinteiros que faziam rabecas, na Candelária do Pico (36), na Calheta de S. Jorge (37), etc. Nestes níveis populares, os tocadores, como usam apenas as primeiras posições, não precisam de deslocar a mão esquerda, e apoiam a rabeca simplesmente no ombro, sem a segurarem apertada pelo queixo. 2) o violão (que na Terceira é, muitas vezes, de grande dimensões (Fig. 20), afinado como o continental mi-lá-ré-sol-si-mi; 3) o banjolim (afinado como s rabeca ou violino, mi-lá-ré-sol) ...
(36) O Senhor Francisco de Matos Bettencourt, que ofereceu um desses instrumentos da sua autoria para a coleção pertencente à Fundação Calouste Gulbenkian que se encontra depositada no Museu de Etnologia, de Lisboa.
(37) Nesta localidade, o artesão preparava à goiva os tampos das rabecas que fazia.
Fonte: DE OLIVEIRA, Ernesto Veiga. Instrumentos Musicais Populares dos Açores. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1986
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