Manoel Caetano d'Almeida e Albuquerque
Tocador de Viola e Rabeca (1753-1834)
Nasceu na cidade do Recife, da provincia de Pernambuco, a 11 de Novembro de 1753. Casado em 7 de Janeiro de 1780 com D. Anna Francisca Eufemia da Fonseca, teve 18 filhos, nove de cada sexo. Os homens occuparam posição distincta na sociedade, pois que dous foram desembargadores, dous deputados, dous senadores, um ministro, um commandante das armas do Piauhy, e outro presidente do Rio-Grande do Norte.
Teve todos os estudos das humanidades, foi poeta e musico; deleitava-se tocando viola e rabeca, e vivia do officio de escrivão de defuntos e ausentes, capellase resíduos.
Falleceu em 11 de Janeiro de 1834.
Entre os autores da revolução de 6 de Março de 1817 em Pernambuco, conta-se Manoel Caetano, que a abraçou com enthusiasmo, e á serviu constantemente.
No dia em que o deão Dr. Bernardo Luiz Ferreira benseu as bandeiras republicanas, e as distribuiu pelos regimentos, Manoel Caetano, depois da oração do deão, e do eloquente discurso do ouvidor da comarca Antonio Carlos, fez uma proclamação a alguns, grupos do povo, improvisou muitos versos, e distribuiu no pateo da igreja matriz de Santo Antonio pelos estudantes de instrucção secundaria a seguinte quadra escripta de seu próprio punho:
Sem grande córie na côrte
Não se goza um bem geral;
Que o corte é quem nos faz bem
A côrte é quem nos faz mal.
Por estes e outros actos foi implicado' na devassa, a que se procedeu, e preso por quatro annos na immunda cadêa do Aljube na Bahia, onde compoz esta copia que tornou-se mui popular em Pernambuco :
Não ha ventura
Como ser tolo,
Que o ter miolo
E' mal sem cura.
Não publicou suas poesias, nem também o entremez em prosa—A justiça da Ilha dos Lagartos, de que existiu uma copia em mão do commendador Mello, no Recife. Tinha uma qualidade muito preciosa em todos os estados, diz um escriptor, « a mais essencial nos homens de lettras, a de saber ser pobre; qualidade sem a qual não ha nada solido, nem na firmeza do espirito, nem na honestidade dos costumes. A estreita mediocridade em que vivia não o amargurava, nem o humilhava, porque elle não conhecia nem o orgulho, que se irrita contra a má fortuna, nem a vaidade que delia se envergonha. »
Fonte: VASCONCELLOS, J. M. P. DE. Selecta Brasiliense ou Noticias, descobertas, observações, factos e curiosidades em relação aos homens, à historia e cousas do Brasil. Rio de Janeiro: Diario do Rio de Janeiro, 1870, p.225-227.
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