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João Paulo das Chagas

Entrevista (1979)

Gravação: Kilza Setti

Nascido no Sertão do Rio Escuro, em Ubatuba, de família de músicos: seu pai era da Serra (Bairro Alto, entre Paraibuna e o litoral) e tocava violino e viola; seu irmão tocava violão, sanfona, violino e bandolim. Referia-se às pessoas da serra como “os caipira”. Na ocasião da pesquisa, morava na Maranduba.

Resumo: João Paulo diz que tocava só essas coisinhas simples da roça, do tempo do batuque, cana-verde, samba, canoa... mas que já faz tempo que não toca mais, pois tem dificuldade no dedo, sente amortecimento – mas não procurou médico, diz que é falta de costume de tocar. Diz que não gosta de sair para tocar, pois não gosta de se mostrar, mas conta que já saiu muito em Folia. Fala de um irmão que mora no Rio Escuro, que toca violino, sanfona, violão, bandolim, o mesmo repertório; tocavam juntos em bailes na juventude. Comentam sobre o percurso da Folia. Comentam a respeito de Hilda Miguel, cujo pai nasceu em Bairro Alto [serra acima], mas veio para Beira-Mar. Brinca que chamam as pessoas do Bairro Alto de caipiras, mas que o jeito de tocar, lá e em Ubatuba, são iguais. Seu pai tocava; ele próprio toca de ouvido. Kilza Setti nota que seu violino tem uma peça [queixera] não encontrada nos outros violinos da região e pergunta qual a posição em que ele toca. João Paulo explica que não precisou mudar a posição do violino por causa da peça, sempre tocou do mesmo jeito [o que comprova que não se utiliza da queixera]. João Paulo fala também sobre afinação, mas diz que não se lembra mais dos nomes das cordas. KIlza Setti, João Paulo e a mulher que estava participando da conversa comentam que, depois da morte de Tiago Santana, não há mais violino para sair na Folia. Falam do percurso da Romaria e comentam que, naquele ano [1979] o percurso da corrida da romaria foi mais curto.


Fonte:

Mais informações:

http://www.memoriacaicara.com.br

Indice = 347

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