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Mbya Guarani - Opy na aldeia de M´biguaçu, SC

Mbya Guarani

Opy na aldeia de M´biguaçu, SC (2010)

Abaixo descrevo um rito vivido na casa de reza na Opy na aldeia de M´biguaçu (SC) com o objetivo de discutir as diversas gestualidades, vozes, movimentos, pausas, geradoras de diálogos. Através destas narrativas busco pensar o sentido da educação Guarani que para este constitui o centro de sua cultura: aquilo que não deve ser esquecido pelos Guarani.

No início da sessão, as pessoas foram chegando. Seu Alcindo, Karai Dona Rosa, Kunhã Karaí e o Marcos, aprendiz de Karaí ficaram sentados perto do fogo, próximo à entrada. Seu Alcindo disse: “vamos agradar a nossa mãe” e apontou para o fogo. A noite estava bem fria. As pessoas foram chegando devagarinho. Os homens foram se sentando no canto direito, em bancos. As mulheres, no lado esquerdo sentadas no chão, em cima de esteiras, edredons e mantas. Bem no canto esquerdo, apoiados na parede, ficam os takuapu. No canto direito, os homens tocavam o tambor, o mbaraká, o violão e a rabeca. As mulheres tocavam o takuapu, inclusive as meninas de três a seis anos, tocam e fumam o pethenguá. Tudo era cuidadosamente tratado. Wanderlei, filho de seu Alcindo e aprendiz cuidava também das velas. Eram três em cada lado, encostadas na parede, suspensas. Dona Rosa lançava as ervas medicinais na brasa, que exalavam um aroma gostoso no ar. Seu Alcindo iniciou a reza, e, em seguida, o Geraldo, aprendiz e filho de seu Alcindo soprou fumaça do pethenguá sobre a cabeça de seu Alcindo, de Dona Rosa, do Wanderlei e foi para o altar, soprando fumaça nos instrumentos que estavam sobre ele. Começou a cantar e as crianças e adolescentes levantaram para acompanhá-lo no canto e para dançar. Os meninos estavam na frente, junto com o Geraldo, dançando com o mbaraká. As meninas pequenas ficaram no meio e as meninas mais velhas atrás. Os meninos movimentavam-se movendo o corpo para a direita e para a esquerda, e as meninas num passo único, arrastando os pés sem sair do lugar. Algumas meninas tocavam o takuapú, tanto as que estavam dançando, como as que estavam sentadas. A Fabiane, que estava ao meu lado, disse: “vamos dançar? Perguntei a ela o que vinha no coração dela e ela me respondeu: “vem tudo, eu rezo para a minha família.”

Nota: Destaco que o Guarani do RS e de SC não permite a entrada de não indígenas em seus rituais no sentido de proteger a sua cultura. Esta é a única aldeia em SC que possibilita a participação de não indígenas.

Fonte:

Mais informações:

http://www.curriculosemfronteiras.org/vol10iss1articles/menezes.pdf

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