Padre Louis Berger
Foto: Ruínas de San Ignacio. Foto por Mario Oscar Muller
Violino e rabeca em San Ignacio de Iguazú (1622)
Principalmente pela música e pela canto, os missionários parecem reproduzir os prodígios de Orfeu na América. Entre os guaranis, tudo começa por algumas flautas que os missionários, insiste o padre Diego de Torres, mandarão fabricar logo que chegam, a fim de ensinar música aos pequenos estudantes. A verdadeira música, porém, com seu brilho e encanto, será introduzida pelo padre Jean Vaisseau, de Tournai, cantor dos arquiduques Alberto e Isabel. Depois vem o irmão coadjutor Louis Berger, originário de Abbeville. É um eminente violonista e, a partir de 1622, ensina sua arte aos estudantes de San Ignacio Guazú. O sucesso supera todos os expectativas e logo por toda parte se requisitam os serviços desse mago: "Com um só violino, ele converte inúmeros inféis". Mas faltam cordas, e ele escreveu a Roma para se queixar; o vigário-geral reponde: "Mandei comprá-las e vou enviá-las com esta carta". Ele é também pintor e escultor. É ele quem compõe o quadro que representa os sete arcanjos que o padre Ruiz de Montoya quando leva vai converter o feroz Tayoba. Depois de ensinar o canto, a música, a dança e a pintura em todos as reduções, parte para o Chile. Pedem que vá até lá tentar amansar os araucanos, sublevados contra os invasores, o que os esforços conjugados dos soldados e dos missionários não conseguem submeter.
Alguns anos depois, os ofícios são realçados por toda parte com o esplendor dos órgãos, fagotes, cornetas, violões, harpas, cítaras, rabecas e flautas de cana.
Fonte: HAUBERT, Maxime. Índios e jesuítas no tempo das missões. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p.128.
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