Luís da Silva Ribeiro
Notas de Etnografia da Terceira (1938)
Depois da viola deve mencionar-se a rabeca, que entra obrigatóriamente no acompanhamento dos bezerros do Espirito Santo na Taerceira e, em S. Miguel, é um dos instrumentos que tocam os foliões (1). Como os tocadores são poucos, as rabecas passam de uns para outros de greração em geração. Há-as muito antigas, ainda que, no geral de má qualidadee. Alguns violeiros mais hábeis fazem Pas vezes uma ou outra rabeca, quási sempre de bom aspecto, mas de mau som, talvez por motivo da má qualidade do material empregado, sobretudo do verniz.
Caso digno de nota, o rabequista poular, como não passa da primeira podição e não tem necessidade de deslocar a mão esquerda, não segura a rabeca com o queixo; apoia-a no ombro, como faziam os tocadores da antiga viola de braço, designadamente da viola-tenor, à qual por isso os italianos chamavam viola da spalla (2).
A raridade dos tocadores de rabeca, pouco hábeis com raras excepções, deu origem à alcunha de Rabequista, pela qual são conhecidos diversos indivíduos (3).
(1) Luís Bernardo de Ataíde - Etnografia Artística (S. Migues). Ponta Delgada, 1918, pág.102
(2) Miguel Ângelo Lambertini - Violas d'arco, na revista < A Arte Musical >, ano VI, n.º 121, pág. 13.
(3) Possivelmente tem a mesma origem a alcunha Rabeca que existe no continente. José Leite de Vasconcelos - Antroponimia Portuguesa. Lisboa, 1928, pág 189.
Fonte: RIBEIRO, Luís da Silva. Notas de Etnografia da Terceira. Notas de Etnografia da Terceira. v. XXXVI, p.168-196. Lisboa, 1938.
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